Saturday, November 2, 2024

Ecotoxicologia Aquática é destaque em pesquisa da Uema

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Ecotoxicologia Aquática é destaque em pesquisa da Uema


Por em 18 de julho de 2024


Analisar a viabilidade do uso de sêmen criopreservado de tambaqui Colossoma macropomum em ensaios ecotoxicológicos como estratégia de avaliação da qualidade de ambientes aquáticos. Esse é o objetivo da pesquisa do professor Jadson Pinheiro Santos intitulada “Viabilidade do uso do sêmen criopreservado de Tambaqui Colossoma macropomum (Cuvier, 1816) (Characiformes: Serrasalmidae) em ensaios ecotoxicológicos”, que teve a orientação da Profa. Dra. Raimunda Fortes Carvalho Neta, fruto do doutorado em Biodiversidade e Biotecnologia da Rede BIONORTE/Uema.

A pesquisa, que foi uma das premiadas no VII Prêmio Emanoel Gomes de Moura de Teses e Dissertações da Uema, foi realizada em pisciculturas no município de Santa Inês e Santa Rita e nos laboratórios de Biomarcadores em Ambientes Aquáticos e de Biotecnologias da Reprodução Animal na Uema.

“A ideia de trabalhar esse tema surgiu a partir de debates com a orientadora, profa. Raimunda Fortes, onde vislumbramos a possibilidade de unir o conhecimento que eu já tinha acumulado em estudos sobre a biologia espermática e criopreservação do sêmen de peixes e a realização de testes ecotoxicológicos em ambientes aquáticos, principalmente por estar na intenção de aderir ao doutorado na rede BIONORTE”, explicou Jadson.

A pesquisa possui duas importantes óticas: uma de apresentar técnica alternativa com a exposição de células espermáticas em substituição ao uso de animais em ensaios ecotoxicológicos; e outra de demonstrar possíveis alterações na fisiologia reprodutiva de peixes de água doce.

O estudo iniciou com a análise do biomonitoramento no Brasil e a observância dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, prosseguindo com uma busca sistematizada por artigos científicos sobre o assunto em questão. Após a busca, foi feita uma primeira triagem a partir de uma análise de conteúdo dos títulos e dos resumos.

Numa segunda etapa, foram feitos testes ecotoxicológicos com uso de amostras seminais de machos de tambaqui sexualmente maduros provenientes de uma piscicultura local. O sêmen foi coletado oito horas pós indução hormonal em tubos de vidro graduados. Após avaliação inicial de inexistência de ativação prévia, foi feito o experimento em esquema fatorial, sendo testados dois pesticidas utilizados em sistemas agrícolas (glifosato e fenitrotiona). Por último, o mesmo experimento com a análise do sêmen in natura de tambaqui foi feito usando o sêmen criopreservado.

Os resultados da pesquisa bibliográfica sistematizada indicaram 25 espécies de peixes, com predominância do Danio rerio (18%). Os inseticidas estiveram presentes em 78% dos estudos, principalmente o endonsulfan (35%) e a cipermetrina (13%). Distúrbios endócrinos reprodutivos foram as vias (sugiro “os alvos”) de ação mais relatada(o)s (57,5%).

Nos testes ecotoxicológicos, os resultados indicaram que as amostras de sêmen in natura exibiram motilidade inicial de 89,24,9% e tempo de duração médio de 100 segundos (até 10% de motilidade espermática). A redução da motilidade espermática ocorreu de forma significativa após 30 segundos para o glifosafo e fenitrotiona em todas as concentrações testadas, exceto na concentração de 240 mg/L por não ser observada ativação.

Para o sêmen criopreservado, houve significativa redução da motilidade espermática logo após a exposição às soluções com glifosato em todas as concentrações testadas em relação ao controle sem ter havido, no entanto, diferenças significativas entre as concentrações testadas.

De acordo com Jadson, “fica evidente os efeitos causados por pesticidas na reprodução de teleósteos de água doce, com indicação de sensibilidade das células espermáticas aos pesticidas, demonstrando a possibilidade de uso de sêmen criopreservado de tambaqui em testes ecotoxicológicos”.

Para o professor, realizar essa pesquisa foi um grande desafio. “Apesar das dificuldades, foi muito gratificante poder unir duas áreas do conhecimento sobre animais e ambientes aquáticos em prol do avanço em pesquisas e métodos de biomonitoramento aquático, com perspectivas de atendimento as normas de comitês de ética em experimentação animal com uso de técnicas inovadoras para as análises ambientais”, frisou ele.

Segundo a Profa. Raimunda Fortes, “a importância da pesquisa envolve inovação no campo da ecotoxicologia, visto que os resultados indicam que é possível usar células espermáticas criopreservadas de tambaqui para testar a toxicidade de agrotóxicos!”.

Prêmio Uema de Teses e Dissertações

Sobre o Prêmio, Jadson ressaltou a satisfação em recebê-lo. “Satisfação enorme poder ter o reconhecimento de um trabalho complexo, mas que resultou em respostas importantes para os estudos em ecotoxicologia aquática, com três artigos publicados em periódicos de impacto internacional”, comemorou ele.

Para a professora Raimunda Fortes, “a premiação é um incentivo para a continuidade desse tipo de abordagem capaz de integrar múltiplas áreas do conhecimento e auxiliar no diagnóstico de ambientes aquáticos impactados por agrotóxicos!”.

 Por: Paula Lima


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